quarta-feira, 6 de julho de 2011

Feito Pra Acabar - Marcelo Jeneci

Bem já estava há um bom tempo sem postar nada. Essa semana escutei essa música e achei tanto a letra quanto a melodia tão lindas que resolvi colocá-las aqui (o vídeo é a cena final de A.I. Inteligencia Artificial, a música de fundo é a da letra abaixo). Espero que gostem...

Quem me diz
Da estrada que não cabe onde termina
Da luz que cega quando te ilumina
Da pergunta que emudece o coração


Quantas são
As dores e alegrias de uma vida
Jogadas na explosão de tantas vidas
Vezes tudo que não cabe no querer


Vai saber
Se olhando bem no rosto do impossível
O véu, o vento, o alvo invisível
Se desvenda o que nos une ainda sim


Agente é feito pra acabar
Agente é feito pra dizer que sim
Agente é feito pra caber no mar
E isso nunca vai ter fim...

quarta-feira, 18 de maio de 2011

"As Flores tem Cheiro de Morte"

(O titulo é um verso tirado da música "Flores" dos Titãs)

Este conto foi inspirado em um fato contado pelo meu professor de teatro


    O verdadeiro artista é aquele que faz a arte pela arte, não arte pela ganância, pelo dinheiro, pela fama e glória. Usa da mesma para engrandecê-la e não a si. Ter gana não significa pisar em outros para poder se elevar mais... Enfim não pretendo escrever esse texto para que o leitor veja minha opinião sobre como um artista deve se portar, apesar de já tê-lo feito. Mas para relatar um caso que me ocorreu no humilde e sagrado antro onde eu e meus colegas fazemos acontecer o que chamamos arte.
    Como já bem visto sou um amante das artes cênicas, o jogo feito por nosso corpo e mente, que juntos conseguem ir além e fugir do comum. Quando atingimos o ponto em que realmente não somos, não agimos e nem pensamos como nós mesmos, ter a essência de outra ideologia e doutrina se apossar de cada músculo nosso. E foi assim o extraordinário que ocorreu comigo.
    Confesso que no começo achava os exercícios ridículos, jamais alguém como eu poderia fazer tamanha besteira, mas aos poucos percebi que algo foi acontecendo, eu já não era mais aquele aprendiz com o pensamento fútil “Eu não vou fazer isso...” foi quando o mentor nos pediu para que deitássemos e relaxássemos totalmente nossa matéria. Aos poucos fui fechando os olhos e deixando de fazer movimentos bruscos, depois passei para os movimentos pequenos, como um espasmo nas pálpebras, um aperto nos dedos dos pés. Até quando ouvi ele dizer:
— Você está morto! Defunto...
    Minha respiração foi diminuindo, eu até fiz certa coisa para me mostrar mesmo, a caro leitor sempre queremos nossos segundinhos de bel prazer. Mas o som das vozes baixas foram-se esvaindo, eu já não ouvia as respirações aflitas de meus colegas ao meu redor tentando relaxar. A única coisa que eu escutava era meu coração, pulsante, um tambor, nem mesmo engolir seco mais eu conseguia, até que este também parou...
    Senti-me em estado cataléptico.
    Mergulhado na escuridão das barreiras que tapavam meus olhos, eu me via afundando em trevas escuras, e jamais conseguiria alcançar a superfície. Por mais que tivessem vários corpos ao meu redor, estava só. A solidão que me tomava era insuportável. Foi quando eu me senti emparedado, como se algo comprimisse meu corpo, algo que me estava envolto. Alguns de meus sentidos me deixaram: a audição foi-se por completa, a visão era de um apagão intenso, o paladar deixou secas as minhas papilas. Apenas o tato que fazia sentir emparedado... E finalmente, quando eu já me sentia totalmente morto, era apenas isso o que me restava, algo macio pareceu estar pousado sobre meu peitoral e ali eu senti um perfume. Doce. O olfato foi o único companheiro que me restou. Não havia nada naquela sala que fazia exalar um aroma tão forte e suave. Foi quando me dei conta do que sentira, a que aquele cheiro estava relacionado, e o pavor me tomou, acabou por me fazer sair de tudo aquilo que estava passando: as paredes, as profundezas, aos poucos consegui voltar ao meu estado normal, quando acordei daquele pesadelo.
    GRITEI DESESPERADO, UM GRITO ENSURDECEDOR!!!
    Todos levantaram de suas posições fúnebres, assustados, e olhavam diretamente pra mim.
— O que aconteceu? — questionou-me o professor. E eu respondi ofegante e aliviado, com os olhos e músculos ainda pesados:
— Eu senti! O cheiro das flores no caixão!
    ...Deixo de narrar esta história tola e insignificante. O que vale lhes dizer de fato é: o cheiro de morte ainda me acompanha. E foi ela, essa digníssima presença, que me fez escrever isto a vocês.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Anjo...

Já faz um bom tempo que não posto nada, resolvi postar este pequeno poema que me fluiu nesta tarde fria e nublada...

Ó anjo da noite
Trazei-me de volta
Os anseios da vida
Que outrora eu pedira
Para que me fossem tirados

Ó anjo da noite
Tira-me do teu jardim
Onde o descanso reina
Onde as almas suspiram
O esplendor fúnebre

Traga-me os sentimentos
Mesmo aqueles ruins
Pois já não agüento
Essa paz derradeira
Que me fora selada

Ó anjo da noite...

terça-feira, 22 de março de 2011

Elephant Gun

Já estou a muito tempo sem postar algo... bem aqui vai uma das minhas músicas preferidas Elephant Gun - Beirut

Elephant Gun

If I was young, I'd flee this town
I'd bury my dreams underground
As did I, we drink to die, we drink tonight
Far from home, elephant gun
Let's take them down one by one
We'll lay it down, it's not been found, it's not around

Let the seasons begin - it rolls right on
Let the seasons begin - take the big king down

Let the seasons begin - it rolls right on
Let the seasons begin - take the big king down

And it rips through the silence of our camp at night
And it rips through the night
And it rips through the silence of our camp at night
And it rips through the silence, all that is left is all
That I hide

Arma De Caça

Se eu fosse jovem, eu fugiria desta cidade
Enterraria meus sonhos debaixo da terra
Assim como eu, nós bebemos até morrer, nós bebemos essa noite

Longe de casa, com armas de caça
Vamos abatê-los um por um
Nós vamos derrubá-los, eles não foram encontrados, eles não estão aqui

Que comece a temporada - elas rolam como devem
Que comece a temporada - derrube o grande rei

Que comece a temporada - elas rolam como devem
Que comece a temporada - derrube o grande rei

E rompe através do silêncio do nosso acampamento à noite
E rompe através da noite, a noite toda, toda a noite

E rompe através do silêncio do nosso acampamento à noite
E rompe através do silêncio, tudo o que é deixado é tudo
O que eu escondo




quarta-feira, 2 de março de 2011

Presente pra minha Dandara...

ana: 
oo nome do meu blog vai ser
 beautiful nightmare
Augusto diz:
 ummmm... bem seu estiloo
ana diz:
 shauhsua
 pq?
Augusto diz:
 rsrsrsrs ahh pq siiim
ana diz:
 adoro quando tentam me explicar agora explica haha
Augusto diz:
 vo tentar explicar d uma forma poeticaa(tentar)
ana diz:
 shausha ok

 Pelo fato de você ter uma mente
 Sombria, escura
 Demonstrando, fisicamente
 Uma garota ingênua, inocente
 Mas com uma ironia sarcástica
 Que só alguns tem o prazer 
 E pavor de presenciar
 Pelo fato de você ser uma sonhadora
 De pesadelos horríveis, 
 Que apesar de te assustarem
 Te encantam
 Pelo fato de você ser
 Quem você é...

                                                                                                                                                     

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Chuva...

O tempo nublado
O gotejo nas telhas
A rua vazia
As árvores nuas
O assobio do vento frio


A casa fechada
A sala quente
A Tv ligada
O volume baixo
O colchão no chão
As cobertas e lençóis amarrotados


Deitados, estamos
Com os pés roçados
Nos aquecendo
O ar quente vindo de ti
Em meu pescoço gelado
Seus lábios tocando minha nuca
O arrepio que somente
Você me causa
Enquanto isso, lá fora,
Como um pedido meu,
A chuva não para...

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Acróstico - PECADO

Perverso sentimento
Estúpido, vil
Condenado sombrio 
Amado, odiado
Desejo violento
O fruto proibido

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Panis et Circenses - Os Mutantes

Panis et Circenses
Os Mutantes
(Composição: Caetano Veloso e Gilberto Gil)

Eu quis cantar
Minha canção iluminada de sol
Soltei os panos sobre os mastros no ar
Soltei os tigres e os leões nos quintais
Mas as pessoas da sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer


Mandei fazer
De puro aço e luminoso um punhal
Para matar o meu amor e matei
às cinco horas na avenida central
Mas as pessoas da sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer


Mandei plantar
Folhas de sonho no jardim do solar
As folhas sabem procurar pelo sol
E as raízes procurar, procurar


Mas as pessoas da sala de jantar
Essas pessoas da sala de jantar
São as pessoas da sala de jantar
Mas as pessoas da sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer

Rock Psicodélico--> se refere a um tipo de produção musical "intimista" (ou seja, conota reflexão sobre processos internalistas do comportamento), cujos temas mais centrais exploram bastante "subjetividade", "loucura", "obsessão", "imagens", "alucinações" e "melancolia". As principais características do estilo incluem músicas instrumentais muito longas e efeitos sonoros especiais (tais como vozes repentinas durante movimento de corte do ritmo da música, risos "imotivados" trazendo como referência quadros clínicos de alucinação ou desespero), muitas vezes com harmonias contrastantes e experimentais.(Wikipedia)

Estilhaço de Vinho com cheiro de Morte...


Guto- Em meio a tantos papéis espalhados, de todos os tipos: 
  Cartas, folhas, páginas rasgadas de livros já lidos.
  Me vejo totalmente perdido.
  Há vidro quebrado sob meus pés
  Aos poucos, sinto os cacos entrando em mim
  Sentimentos de culpa, de traição, de amor rondam-me

  As cartas endereçadas a mim transmitem paixão, outras ódio
  As folhas que me rodeiam estão em branco
  As páginas rasgadas são de histórias sem fim
  A música ao fundo, psicodélica, não me causa mais alucinações
  Os cacos exalam odor de vinho e sangue
  Meus pulsos já não sentem mais a vida
  Os cortes já não causam mais dor, nem prazer
  Anestesiado pelo álcool barato
  O espírito que me envolve, não quer mais habitar-me

Poison Girl- Nem meu beijo ressucita mais o cadaver que outrora
morria por mim...
  Tão cruel e arrebatadora realidade como um conto de ninar dos irmãos Grimm...
  Penso se essa vida, sem vida, vale a pena ser lembrada.. Já que tão pouco valeu a pena ser vivida...
  Não me chame de covarde vendo essa cena deploravel..
  Meus cortes não são para você, são para mim..
  Cada um traz um nome, um endereço uma historia.. Um grito de desespero...
  Cada um um lembrete como um post it.. mas não tão colorido..   Mas ainda contem uma prova de amor..
  Vejo meus cortes e lembro-me bem...
  O mais profundo.. Um sentimento mais intenso.. O desejo de morrer tão doce e sublime que poderia ser comparado a lua cheia no apse do explendor do anoitecer...
  O mais razo.. Um odeio passageiro com ar de amor corriqueiro..    Uma paixão... quem sabe..
  Mas quase todos com perfume de mulher...
  A morte não me ronda só por amor..
  Sabe.. É a desistencia da vida...
  É ver uma vida tão mal e bem vivida numa antitese no fundo de um copo estilhaçado no chão...
  É ver que nem tudo vale a pena...
  E que o poeta estava errado..
  Hoje o poeta se sente morto..

  O corpo gelado nunca foi sinonimo de morte para mim..
  Mas a perda de inspiração..
  Que antes surgia de todo e qualquer lugar...
  Meu corpo morto sem pulsos pulsantes hoje é sinonimo de morte para mim...
  Pois além de morto não há alcool, não há amor... Não há dor... 
  Não há nem ao menos poesia...

Augusto and Poison Girl

sábado, 19 de fevereiro de 2011

FODA-SE TODOS!!!

São todos iguais
Se comprometem
E nada cumprem
O problema
É que quero todos
Mas, todos me querem?
Talvez sim
Talvez não
Pouco me importa
E só sei
Que quero foder
Comigo, minha vida
Com a dos outros
Com os outros
Não se importem
São apenas palavras 
De um bêbado frio
Numa noite quente
Que deseja ser aquecido
Por aqueles que querem
Que eu me foda...!!!

Absinto - La Fée Verte

Ela quer sua alma
Sua mente, consciencia
E que a raiva, acalma
Te livrar da abstinencia


Sinta a leveza
Da anestesia
Sinta a realeza
Da profunda alegria


O verde cintilante
O anis eloquente
A cor vibrante


O frescor ardente
O suco alucinante
A fada verde

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

O Corvo(The Raven) - Edgar Allan Poe... Tradução de Machado de Assis

Em certo dia, à hora, à hora
Da meia-noite que apavora,
Eu, caindo de sono e exausto de fadiga,
Ao pé de muita lauda antiga,
De uma velha doutrina, agora morta,
Ia pensando, quando ouvi à porta
Do meu quarto um soar devagarinho,
E disse estas palavras tais:
"É alguém que me bate à porta de mansinho;
Há de ser isso e nada mais."

Ah! bem me lembro! bem me lembro!
Era no glacial dezembro;
Cada brasa do lar sobre o chão refletia
A sua última agonia.
Eu, ansioso pelo sol, buscava
Sacar daqueles livros que estudava
Repouso (em vão!) à dor esmagadora
Destas saudades imortais
Pela que ora nos céus anjos chamam Lenora.
E que ninguém chamará mais.

E o rumor triste, vago, brando
Das cortinas ia acordando
Dentro em meu coração um rumor não sabido,
Nunca por ele padecido.
Enfim, por aplacá-lo aqui no peito,
Levantei-me de pronto, e: "Com efeito,
(Disse) é visita amiga e retardada
Que bate a estas horas tais.
É visita que pede à minha porta entrada:
Há de ser isso e nada mais."

Minh'alma então sentiu-se forte;
Não mais vacilo e desta sorte
Falo: "Imploro de vós, — ou senhor ou senhora,
Me desculpeis tanta demora.
Mas como eu, precisando de descanso,
Já cochilava, e tão de manso e manso
Batestes, não fui logo, prestemente,
Certificar-me que aí estais."
Disse; a porta escancaro, acho a noite somente,
Somente a noite, e nada mais.

Com longo olhar escruto a sombra,
Que me amedronta, que me assombra,
E sonho o que nenhum mortal há já sonhado,
Mas o silêncio amplo e calado,
Calado fica; a quietação quieta;
Só tu, palavra única e dileta,
Lenora, tu, como um suspiro escasso,
Da minha triste boca sais;
E o eco, que te ouviu, murmurou-te no espaço;
Foi isso apenas, nada mais.

Entro coa alma incendiada.
Logo depois outra pancada
Soa um pouco mais forte; eu, voltando-me a ela:
"Seguramente, há na janela
Alguma cousa que sussurra. Abramos,
Eia, fora o temor, eia, vejamos
A explicação do caso misterioso
Dessas duas pancadas tais.
Devolvamos a paz ao coração medroso,
Obra do vento e nada mais."

Abro a janela, e de repente,
Vejo tumultuosamente
Um nobre corvo entrar, digno de antigos dias.
Não despendeu em cortesias
Um minuto, um instante. Tinha o aspecto
De um lord ou de uma lady. E pronto e reto,
Movendo no ar as suas negras alas,
Acima voa dos portais,
Trepa, no alto da porta, em um busto de Palas;
Trepado fica, e nada mais.

Diante da ave feia e escura,
Naquela rígida postura,
Com o gesto severo, — o triste pensamento
Sorriu-me ali por um momento,
E eu disse: "O tu que das noturnas plagas
Vens, embora a cabeça nua tragas,
Sem topete, não és ave medrosa,
Dize os teus nomes senhoriais;
Como te chamas tu na grande noite umbrosa?"
E o corvo disse: "Nunca mais".

Vendo que o pássaro entendia
A pergunta que lhe eu fazia,
Fico atônito, embora a resposta que dera
Dificilmente lha entendera.
Na verdade, jamais homem há visto
Cousa na terra semelhante a isto:
Uma ave negra, friamente posta
Num busto, acima dos portais,
Ouvir uma pergunta e dizer em resposta
Que este é seu nome: "Nunca mais".

No entanto, o corvo solitário
Não teve outro vocabulário,
Como se essa palavra escassa que ali disse
Toda a sua alma resumisse.
Nenhuma outra proferiu, nenhuma,
Não chegou a mexer uma só pluma,
Até que eu murmurei: "Perdi outrora
Tantos amigos tão leais!
Perderei também este em regressando a aurora."
E o corvo disse: "Nunca mais!"

Estremeço. A resposta ouvida
É tão exata! é tão cabida!
"Certamente, digo eu, essa é toda a ciência
Que ele trouxe da convivência
De algum mestre infeliz e acabrunhado
Que o implacável destino há castigado
Tão tenaz, tão sem pausa, nem fadiga,
Que dos seus cantos usuais
Só lhe ficou, na amarga e última cantiga,
Esse estribilho: "Nunca mais".

Segunda vez, nesse momento,
Sorriu-me o triste pensamento;
Vou sentar-me defronte ao corvo magro e rudo;
E mergulhando no veludo
Da poltrona que eu mesmo ali trouxera
Achar procuro a lúgubre quimera,
A alma, o sentido, o pávido segredo
Daquelas sílabas fatais,
Entender o que quis dizer a ave do medo
Grasnando a frase: "Nunca mais".

Assim posto, devaneando,
Meditando, conjeturando,
Não lhe falava mais; mas, se lhe não falava,
Sentia o olhar que me abrasava.
Conjeturando fui, tranqüilo a gosto,
Com a cabeça no macio encosto
Onde os raios da lâmpada caíam,
Onde as tranças angelicais
De outra cabeça outrora ali se desparziam,
E agora não se esparzem mais.

Supus então que o ar, mais denso,
Todo se enchia de um incenso,
Obra de serafins que, pelo chão roçando
Do quarto, estavam meneando
Um ligeiro turíbulo invisível;
E eu exclamei então: "Um Deus sensível
Manda repouso à dor que te devora
Destas saudades imortais.
Eia, esquece, eia, olvida essa extinta Lenora."
E o corvo disse: "Nunca mais".

“Profeta, ou o que quer que sejas!
Ave ou demônio que negrejas!
Profeta sempre, escuta: Ou venhas tu do inferno
Onde reside o mal eterno,
Ou simplesmente náufrago escapado
Venhas do temporal que te há lançado
Nesta casa onde o Horror, o Horror profundo
Tem os seus lares triunfais,
Dize-me: existe acaso um bálsamo no mundo?"
E o corvo disse: "Nunca mais".

“Profeta, ou o que quer que sejas!
Ave ou demônio que negrejas!
Profeta sempre, escuta, atende, escuta, atende!
Por esse céu que além se estende,
Pelo Deus que ambos adoramos, fala,
Dize a esta alma se é dado inda escutá-la
No éden celeste a virgem que ela chora
Nestes retiros sepulcrais,
Essa que ora nos céus anjos chamam Lenora!”
E o corvo disse: "Nunca mais."

“Ave ou demônio que negrejas!
Profeta, ou o que quer que sejas!
Cessa, ai, cessa! clamei, levantando-me, cessa!
Regressa ao temporal, regressa
À tua noite, deixa-me comigo.
Vai-te, não fique no meu casto abrigo
Pluma que lembre essa mentira tua.
Tira-me ao peito essas fatais
Garras que abrindo vão a minha dor já crua."
E o corvo disse: "Nunca mais".

E o corvo aí fica; ei-lo trepado
No branco mármore lavrado
Da antiga Palas; ei-lo imutável, ferrenho.
Parece, ao ver-lhe o duro cenho,
Um demônio sonhando. A luz caída
Do lampião sobre a ave aborrecida
No chão espraia a triste sombra; e, fora
Daquelas linhas funerais
Que flutuam no chão, a minha alma que chora
Não sai mais, nunca, nunca mais!

Hoje tava meio sem inspiração e resolvi colocar um dos poemas que mais gosto de Edgar A. Poe

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Soneto das Trevas

Lugar fétido, nojento
Lugar escuro, agourento
Lugar onde estou, jazo
Lugar onde fiquei

Sem tempo, Sem rumo
Sem prazer, sem escolha
Sem vida,  do nada
Sem o nada

O medo, a dor
A cruz, o credo, 
O sangue 

Nascido, crescido, morto
O júri, a sentença, a foice
Caído, aqui estou...

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Bem Vindos

Sejam bem vindos ao Vidas ao léu... criei este blog com o intuito de divertir, entristecer, enlouquecer, e fazer refletir a todos que deixam suas vidas ao léu, à toa... Espero que os leitores(se eu tiver algum) gostem dos meus textos... Muito Grato à todos...