segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Chuva...

O tempo nublado
O gotejo nas telhas
A rua vazia
As árvores nuas
O assobio do vento frio


A casa fechada
A sala quente
A Tv ligada
O volume baixo
O colchão no chão
As cobertas e lençóis amarrotados


Deitados, estamos
Com os pés roçados
Nos aquecendo
O ar quente vindo de ti
Em meu pescoço gelado
Seus lábios tocando minha nuca
O arrepio que somente
Você me causa
Enquanto isso, lá fora,
Como um pedido meu,
A chuva não para...

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Acróstico - PECADO

Perverso sentimento
Estúpido, vil
Condenado sombrio 
Amado, odiado
Desejo violento
O fruto proibido

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Panis et Circenses - Os Mutantes

Panis et Circenses
Os Mutantes
(Composição: Caetano Veloso e Gilberto Gil)

Eu quis cantar
Minha canção iluminada de sol
Soltei os panos sobre os mastros no ar
Soltei os tigres e os leões nos quintais
Mas as pessoas da sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer


Mandei fazer
De puro aço e luminoso um punhal
Para matar o meu amor e matei
às cinco horas na avenida central
Mas as pessoas da sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer


Mandei plantar
Folhas de sonho no jardim do solar
As folhas sabem procurar pelo sol
E as raízes procurar, procurar


Mas as pessoas da sala de jantar
Essas pessoas da sala de jantar
São as pessoas da sala de jantar
Mas as pessoas da sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer

Rock Psicodélico--> se refere a um tipo de produção musical "intimista" (ou seja, conota reflexão sobre processos internalistas do comportamento), cujos temas mais centrais exploram bastante "subjetividade", "loucura", "obsessão", "imagens", "alucinações" e "melancolia". As principais características do estilo incluem músicas instrumentais muito longas e efeitos sonoros especiais (tais como vozes repentinas durante movimento de corte do ritmo da música, risos "imotivados" trazendo como referência quadros clínicos de alucinação ou desespero), muitas vezes com harmonias contrastantes e experimentais.(Wikipedia)

Estilhaço de Vinho com cheiro de Morte...


Guto- Em meio a tantos papéis espalhados, de todos os tipos: 
  Cartas, folhas, páginas rasgadas de livros já lidos.
  Me vejo totalmente perdido.
  Há vidro quebrado sob meus pés
  Aos poucos, sinto os cacos entrando em mim
  Sentimentos de culpa, de traição, de amor rondam-me

  As cartas endereçadas a mim transmitem paixão, outras ódio
  As folhas que me rodeiam estão em branco
  As páginas rasgadas são de histórias sem fim
  A música ao fundo, psicodélica, não me causa mais alucinações
  Os cacos exalam odor de vinho e sangue
  Meus pulsos já não sentem mais a vida
  Os cortes já não causam mais dor, nem prazer
  Anestesiado pelo álcool barato
  O espírito que me envolve, não quer mais habitar-me

Poison Girl- Nem meu beijo ressucita mais o cadaver que outrora
morria por mim...
  Tão cruel e arrebatadora realidade como um conto de ninar dos irmãos Grimm...
  Penso se essa vida, sem vida, vale a pena ser lembrada.. Já que tão pouco valeu a pena ser vivida...
  Não me chame de covarde vendo essa cena deploravel..
  Meus cortes não são para você, são para mim..
  Cada um traz um nome, um endereço uma historia.. Um grito de desespero...
  Cada um um lembrete como um post it.. mas não tão colorido..   Mas ainda contem uma prova de amor..
  Vejo meus cortes e lembro-me bem...
  O mais profundo.. Um sentimento mais intenso.. O desejo de morrer tão doce e sublime que poderia ser comparado a lua cheia no apse do explendor do anoitecer...
  O mais razo.. Um odeio passageiro com ar de amor corriqueiro..    Uma paixão... quem sabe..
  Mas quase todos com perfume de mulher...
  A morte não me ronda só por amor..
  Sabe.. É a desistencia da vida...
  É ver uma vida tão mal e bem vivida numa antitese no fundo de um copo estilhaçado no chão...
  É ver que nem tudo vale a pena...
  E que o poeta estava errado..
  Hoje o poeta se sente morto..

  O corpo gelado nunca foi sinonimo de morte para mim..
  Mas a perda de inspiração..
  Que antes surgia de todo e qualquer lugar...
  Meu corpo morto sem pulsos pulsantes hoje é sinonimo de morte para mim...
  Pois além de morto não há alcool, não há amor... Não há dor... 
  Não há nem ao menos poesia...

Augusto and Poison Girl

sábado, 19 de fevereiro de 2011

FODA-SE TODOS!!!

São todos iguais
Se comprometem
E nada cumprem
O problema
É que quero todos
Mas, todos me querem?
Talvez sim
Talvez não
Pouco me importa
E só sei
Que quero foder
Comigo, minha vida
Com a dos outros
Com os outros
Não se importem
São apenas palavras 
De um bêbado frio
Numa noite quente
Que deseja ser aquecido
Por aqueles que querem
Que eu me foda...!!!

Absinto - La Fée Verte

Ela quer sua alma
Sua mente, consciencia
E que a raiva, acalma
Te livrar da abstinencia


Sinta a leveza
Da anestesia
Sinta a realeza
Da profunda alegria


O verde cintilante
O anis eloquente
A cor vibrante


O frescor ardente
O suco alucinante
A fada verde

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

O Corvo(The Raven) - Edgar Allan Poe... Tradução de Machado de Assis

Em certo dia, à hora, à hora
Da meia-noite que apavora,
Eu, caindo de sono e exausto de fadiga,
Ao pé de muita lauda antiga,
De uma velha doutrina, agora morta,
Ia pensando, quando ouvi à porta
Do meu quarto um soar devagarinho,
E disse estas palavras tais:
"É alguém que me bate à porta de mansinho;
Há de ser isso e nada mais."

Ah! bem me lembro! bem me lembro!
Era no glacial dezembro;
Cada brasa do lar sobre o chão refletia
A sua última agonia.
Eu, ansioso pelo sol, buscava
Sacar daqueles livros que estudava
Repouso (em vão!) à dor esmagadora
Destas saudades imortais
Pela que ora nos céus anjos chamam Lenora.
E que ninguém chamará mais.

E o rumor triste, vago, brando
Das cortinas ia acordando
Dentro em meu coração um rumor não sabido,
Nunca por ele padecido.
Enfim, por aplacá-lo aqui no peito,
Levantei-me de pronto, e: "Com efeito,
(Disse) é visita amiga e retardada
Que bate a estas horas tais.
É visita que pede à minha porta entrada:
Há de ser isso e nada mais."

Minh'alma então sentiu-se forte;
Não mais vacilo e desta sorte
Falo: "Imploro de vós, — ou senhor ou senhora,
Me desculpeis tanta demora.
Mas como eu, precisando de descanso,
Já cochilava, e tão de manso e manso
Batestes, não fui logo, prestemente,
Certificar-me que aí estais."
Disse; a porta escancaro, acho a noite somente,
Somente a noite, e nada mais.

Com longo olhar escruto a sombra,
Que me amedronta, que me assombra,
E sonho o que nenhum mortal há já sonhado,
Mas o silêncio amplo e calado,
Calado fica; a quietação quieta;
Só tu, palavra única e dileta,
Lenora, tu, como um suspiro escasso,
Da minha triste boca sais;
E o eco, que te ouviu, murmurou-te no espaço;
Foi isso apenas, nada mais.

Entro coa alma incendiada.
Logo depois outra pancada
Soa um pouco mais forte; eu, voltando-me a ela:
"Seguramente, há na janela
Alguma cousa que sussurra. Abramos,
Eia, fora o temor, eia, vejamos
A explicação do caso misterioso
Dessas duas pancadas tais.
Devolvamos a paz ao coração medroso,
Obra do vento e nada mais."

Abro a janela, e de repente,
Vejo tumultuosamente
Um nobre corvo entrar, digno de antigos dias.
Não despendeu em cortesias
Um minuto, um instante. Tinha o aspecto
De um lord ou de uma lady. E pronto e reto,
Movendo no ar as suas negras alas,
Acima voa dos portais,
Trepa, no alto da porta, em um busto de Palas;
Trepado fica, e nada mais.

Diante da ave feia e escura,
Naquela rígida postura,
Com o gesto severo, — o triste pensamento
Sorriu-me ali por um momento,
E eu disse: "O tu que das noturnas plagas
Vens, embora a cabeça nua tragas,
Sem topete, não és ave medrosa,
Dize os teus nomes senhoriais;
Como te chamas tu na grande noite umbrosa?"
E o corvo disse: "Nunca mais".

Vendo que o pássaro entendia
A pergunta que lhe eu fazia,
Fico atônito, embora a resposta que dera
Dificilmente lha entendera.
Na verdade, jamais homem há visto
Cousa na terra semelhante a isto:
Uma ave negra, friamente posta
Num busto, acima dos portais,
Ouvir uma pergunta e dizer em resposta
Que este é seu nome: "Nunca mais".

No entanto, o corvo solitário
Não teve outro vocabulário,
Como se essa palavra escassa que ali disse
Toda a sua alma resumisse.
Nenhuma outra proferiu, nenhuma,
Não chegou a mexer uma só pluma,
Até que eu murmurei: "Perdi outrora
Tantos amigos tão leais!
Perderei também este em regressando a aurora."
E o corvo disse: "Nunca mais!"

Estremeço. A resposta ouvida
É tão exata! é tão cabida!
"Certamente, digo eu, essa é toda a ciência
Que ele trouxe da convivência
De algum mestre infeliz e acabrunhado
Que o implacável destino há castigado
Tão tenaz, tão sem pausa, nem fadiga,
Que dos seus cantos usuais
Só lhe ficou, na amarga e última cantiga,
Esse estribilho: "Nunca mais".

Segunda vez, nesse momento,
Sorriu-me o triste pensamento;
Vou sentar-me defronte ao corvo magro e rudo;
E mergulhando no veludo
Da poltrona que eu mesmo ali trouxera
Achar procuro a lúgubre quimera,
A alma, o sentido, o pávido segredo
Daquelas sílabas fatais,
Entender o que quis dizer a ave do medo
Grasnando a frase: "Nunca mais".

Assim posto, devaneando,
Meditando, conjeturando,
Não lhe falava mais; mas, se lhe não falava,
Sentia o olhar que me abrasava.
Conjeturando fui, tranqüilo a gosto,
Com a cabeça no macio encosto
Onde os raios da lâmpada caíam,
Onde as tranças angelicais
De outra cabeça outrora ali se desparziam,
E agora não se esparzem mais.

Supus então que o ar, mais denso,
Todo se enchia de um incenso,
Obra de serafins que, pelo chão roçando
Do quarto, estavam meneando
Um ligeiro turíbulo invisível;
E eu exclamei então: "Um Deus sensível
Manda repouso à dor que te devora
Destas saudades imortais.
Eia, esquece, eia, olvida essa extinta Lenora."
E o corvo disse: "Nunca mais".

“Profeta, ou o que quer que sejas!
Ave ou demônio que negrejas!
Profeta sempre, escuta: Ou venhas tu do inferno
Onde reside o mal eterno,
Ou simplesmente náufrago escapado
Venhas do temporal que te há lançado
Nesta casa onde o Horror, o Horror profundo
Tem os seus lares triunfais,
Dize-me: existe acaso um bálsamo no mundo?"
E o corvo disse: "Nunca mais".

“Profeta, ou o que quer que sejas!
Ave ou demônio que negrejas!
Profeta sempre, escuta, atende, escuta, atende!
Por esse céu que além se estende,
Pelo Deus que ambos adoramos, fala,
Dize a esta alma se é dado inda escutá-la
No éden celeste a virgem que ela chora
Nestes retiros sepulcrais,
Essa que ora nos céus anjos chamam Lenora!”
E o corvo disse: "Nunca mais."

“Ave ou demônio que negrejas!
Profeta, ou o que quer que sejas!
Cessa, ai, cessa! clamei, levantando-me, cessa!
Regressa ao temporal, regressa
À tua noite, deixa-me comigo.
Vai-te, não fique no meu casto abrigo
Pluma que lembre essa mentira tua.
Tira-me ao peito essas fatais
Garras que abrindo vão a minha dor já crua."
E o corvo disse: "Nunca mais".

E o corvo aí fica; ei-lo trepado
No branco mármore lavrado
Da antiga Palas; ei-lo imutável, ferrenho.
Parece, ao ver-lhe o duro cenho,
Um demônio sonhando. A luz caída
Do lampião sobre a ave aborrecida
No chão espraia a triste sombra; e, fora
Daquelas linhas funerais
Que flutuam no chão, a minha alma que chora
Não sai mais, nunca, nunca mais!

Hoje tava meio sem inspiração e resolvi colocar um dos poemas que mais gosto de Edgar A. Poe

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Soneto das Trevas

Lugar fétido, nojento
Lugar escuro, agourento
Lugar onde estou, jazo
Lugar onde fiquei

Sem tempo, Sem rumo
Sem prazer, sem escolha
Sem vida,  do nada
Sem o nada

O medo, a dor
A cruz, o credo, 
O sangue 

Nascido, crescido, morto
O júri, a sentença, a foice
Caído, aqui estou...

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Bem Vindos

Sejam bem vindos ao Vidas ao léu... criei este blog com o intuito de divertir, entristecer, enlouquecer, e fazer refletir a todos que deixam suas vidas ao léu, à toa... Espero que os leitores(se eu tiver algum) gostem dos meus textos... Muito Grato à todos...