quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Estilhaço de Vinho com cheiro de Morte...


Guto- Em meio a tantos papéis espalhados, de todos os tipos: 
  Cartas, folhas, páginas rasgadas de livros já lidos.
  Me vejo totalmente perdido.
  Há vidro quebrado sob meus pés
  Aos poucos, sinto os cacos entrando em mim
  Sentimentos de culpa, de traição, de amor rondam-me

  As cartas endereçadas a mim transmitem paixão, outras ódio
  As folhas que me rodeiam estão em branco
  As páginas rasgadas são de histórias sem fim
  A música ao fundo, psicodélica, não me causa mais alucinações
  Os cacos exalam odor de vinho e sangue
  Meus pulsos já não sentem mais a vida
  Os cortes já não causam mais dor, nem prazer
  Anestesiado pelo álcool barato
  O espírito que me envolve, não quer mais habitar-me

Poison Girl- Nem meu beijo ressucita mais o cadaver que outrora
morria por mim...
  Tão cruel e arrebatadora realidade como um conto de ninar dos irmãos Grimm...
  Penso se essa vida, sem vida, vale a pena ser lembrada.. Já que tão pouco valeu a pena ser vivida...
  Não me chame de covarde vendo essa cena deploravel..
  Meus cortes não são para você, são para mim..
  Cada um traz um nome, um endereço uma historia.. Um grito de desespero...
  Cada um um lembrete como um post it.. mas não tão colorido..   Mas ainda contem uma prova de amor..
  Vejo meus cortes e lembro-me bem...
  O mais profundo.. Um sentimento mais intenso.. O desejo de morrer tão doce e sublime que poderia ser comparado a lua cheia no apse do explendor do anoitecer...
  O mais razo.. Um odeio passageiro com ar de amor corriqueiro..    Uma paixão... quem sabe..
  Mas quase todos com perfume de mulher...
  A morte não me ronda só por amor..
  Sabe.. É a desistencia da vida...
  É ver uma vida tão mal e bem vivida numa antitese no fundo de um copo estilhaçado no chão...
  É ver que nem tudo vale a pena...
  E que o poeta estava errado..
  Hoje o poeta se sente morto..

  O corpo gelado nunca foi sinonimo de morte para mim..
  Mas a perda de inspiração..
  Que antes surgia de todo e qualquer lugar...
  Meu corpo morto sem pulsos pulsantes hoje é sinonimo de morte para mim...
  Pois além de morto não há alcool, não há amor... Não há dor... 
  Não há nem ao menos poesia...

Augusto and Poison Girl

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